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Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

25
Mar09

Desabafo!

Marco

Todos se riram, eu mesmo ri quando me contaram, mas aqui em segredo te digo - tens razão Carolina, o titi não é de facto adulto e não sou mesmo, sou se calhar crescido mas não adulto, ainda agora estava aqui a olhar a quantidade de luz que há na rua e apetecia-me correr lá para fora com os bolsos cheios de berlindes e carrinhos de miniatura, apetecia-me jogar à cirumba, apetecia-me as horas de almoço que passava mais a minha bola de basket Molten e os vinte e cinco rebuçados Mouro de um escudo que comprava no café da escola, apetecia-me os Salesianos outra vez e aquelas Olimpíadas em que por uma vez raparigas por ali e nós de t-shirt comemorativa toda escrita só para as impressionar, nomes de bandas, as assinaturas delas, frases estarolas, qualquer coisa, nós de óculos escuros de adulto na cara, nós sem qualquer jeito para lhes chegar às emoções, eu tímido, fazendo lançamentos triplos na esperança de algum sorriso que nunca chegou, quero os Salesianos, quero trocar cassetes de última geração com gravações dos Iron Maiden, quero coleccionar cromos do Era Uma Vez No Espaço e colá-los triunfante na caderneta, quero ir à papelaria do senhor João fazer fotocópias ampliadas do Rambo e colori-las a marcador, quero que chegue logo o fim destes dias de quarenta mil horas no mínimo, quero a natação nos Bombeiros do Estoril ou mesmo baldar-me a esta para ficar a jogar ao guelas no mini-golfe e depois ir molhar a cabeça e o fato de banho na BP do Tamariz para fingir trinta e tal piscinas de bruços e mariposa, quero voltar a achar o Teixeira velho dentro daquela barba farta que lhe cercava o sorriso, ele que era na altura mais novo do este que para aqui escreve e que fingiu rir quando todos se riram, que fingiu achar graça quando todos acharam graça, ternurento, sabendo-te lá no fundo cheia de razão, admirando-te pela sabedoria da tua análise, quando do alto dos teus 6 anos topaste à légua que naquele almoço de aniversário não seriam só adultos, porque estaria lá o teu titi para brincar o tempo todo contigo.

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