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Jul06
Antes que o Outono...
Marco
O vento sopra de norte. Frio. Estamos no Verão e o Verão teima em não chegar. Preguiçoso? Tímido? Ou esquecido de si próprio? Não sei responder. Nem tenho de. Limito-me a observar. Sentado. Melhor, limito-me a contemplar um espectáculo que outrora foi também o meu. Um cenário onde já fui actor, por agora apenas espectador. Cá do alto da ravina. A praia ao fim de um dia de semana. De um dia de trabalho. Bela. Quase despida de pessoas. De actores. Quase todos jovens, aspirantes a grandes carreiras, sabe-se lá em que companhia, embora por certo, lá longe onde o areal não chega. Nunca chega.
No mar, voam dois, três, quatro aventureiros nas suas velas do futuro ao sabor de um vento que sopra de norte. Frio. Como eu gostava de ter vivido o passado no futuro para também poder voar assim. Hoje, com os pés cada vez mais assentes na terra, procuro respostas ao mesmo tempo que tento voar, embora ao sabor dos sonhos que me alimentam o espírito. Não quero ser como o Verão. Nem preguiçoso. Nem tímido. Nem quero esquecer-me de mim próprio. Uma distracção e chega o Outono. Da vida.