15
Nov07
A escolha.
Marco
Naquela conversa, tantas questões impossíveis, a complexidade da palavra escolha e nela uma vida em suspenso perante os caminhos que se lhe deparam, à minha frente, tão perto e eu tão longe de uma resposta capaz, olhando-me a mim mesmo sem nada ver, nos olhos do meu grande amigo, uma escuridão tremenda e eu a correr na noite, num buraco escuro, as frases a saírem-me automáticas e eu ainda mais longe, ao sabor de novas perguntas que também pergunto todos os dias e a palavra escolha sempre lá, última fronteira entre presente e um futuro que parece nunca querer chegar, feito utopia errante, perdida.Falava-me de razão e emoção, dois caminhos e eu emoção, sempre emoção que não gosto cá de contas nem explicações, fazem-me confusão as vidas presas a tremendos nadas que perfeitos no papel porque confortáveis, garantidos, aceites, sentimentos esmagados por uma razão sem emoção e eu emoção, sempre emoção, quem me conhece sabe disso, mais perguntas, mais histórias, eu a ouvir, a responder respondendo-me a mim, ao que sabia ser a minha história, capítulos sucessivos, repetidos na boca dele em questões impossíveis de responder e a palavra escolha, no fim de tudo, a escolha, a derradeira fronteira.
Hoje aqui, recordo essa conversa e sei que a resposta será razão, contas feitas talvez o caminho mais seguro como me dizias ontem e não te condeno por isso, não sou ninguém para o fazer, desde que te dês bem eu estou bem, sou teu amigo e sabes disso, a escolha é mesmo assim, difícil, quase cruel, é abdicar, é assumir, dar a cara, é saber que algo para trás, é travo a adeus, mas é assim mesmo, tu razão – força com isso, amigo!, eu emoção e por isso à espera, aqui à frente desta folha branca em forma de texto, à espera que nada nenhum consiga vencer todo o tamanho dos meus sonhos. Por mais perfeito que pareça no papel.