18
Mai07
Regressos...
Marco
Fez-se à estrada com o entusiasmo das crianças que correm felizes e incansáveis nos pátios das suas escolas. As crianças não se cansam, ou então, mais espertas ainda, escolhem meticulosamente as horas a que o fazem. Horas que já não interessam, ou porque já de noite ou porque já nenhuma brincadeira por brincar e então sim, decidem cansar-se, cansar-se muito para depois dormirem tranquilas, na paz de todos os anjos. Fez-se à estrada sem qualquer certeza, movido apenas a esperança como se mergulhado num daqueles rios em época de monções, repleto de água imparável, célere, decidida rumo à sua foz. Deslizava pelos quilómetros como se num mar de sonhos onde nadava com a energia dos campeões que retiram segundos aos recordes impossíveis, todo ele cheio de medalhas, de pódios, de hinos, de glória.
Fez-se à estrada, vencido, derrotado. Pesado. Focado em cada traço no alcatrão, como se infinitos, como se naquela estrada todos os traços de todas as estradas. Que chato deve ser ter de pintá-lo a todos iguais e equidistantes. Na sua cabeça já nenhum sonho, já nenhum entusiasmo. Apenas a pressa de chegar para que hoje fosse hoje o mais rapidamente possível. É tão mais longe o caminho de regresso...é quase infinito.