07
Mai07
Aos meus pais...
Marco
Julgo que o mundo cabe inteiro nesses passos vagarosos que dão. Pelo menos, o meu mundo. Todo ele por essa estrada fora, convertido numa vontade tão grande que nem dor, nem cansaço. É como uma entrega, uma confiança. Ou então um agradecimento, devoto e sincero. É a caminhada das vossas vidas e de todas as vidas que vivem em vocês. São os passos vagarosos que mais longe chegam, até ao infinito se preciso, porque limite nenhum vos parará nem hoje, nem amanhã.Imagino os campos a arranjarem-se para acolher a vossa passagem, as ervas a pintarem-se de um verde mais intenso, as papoilas a sacudir o pó das suas pétalas para que mais vermelhas do que nunca. Imagino as joaninhas numa azáfama, a dançar à vossa volta, radiantes por vos reencontrar. Imagino um enorme silêncio capaz de se ouvir aqui, agora, onde escrevo estas palavras que vos quero dedicar. Paro um pouco e sim, de repente também estou aí, no meio de vós, a caminhar...caminhar...
Vão. Percorram as estradas que vos aguardam. Sejam testemunhos de um querer inabalável, os portadores da esperança que vence o qualquer desânimo. Levem-me nos vossos passos vagarosos e quando chegarem à tal recta que parece não acabar nunca, lembrem-se da beleza que deixaram para trás, lembrem-se de todos quantos vos sorriram à vossa passagem e no silencio da fé que vos guia, inspirem fundo e sintam da felicidade de mais uma vez terem conseguido.