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Abr07
Uma dança de vida.
Marco
Desviaste-te do meu carro mesmo à ultima da hora, foi uma questão de alguns centímetros. Mais uma fracção de segundo e já não haveria texto para escrever, ou então haveria na mesma, mas de certeza muito mais triste. Andavas pelo ar a divertir-te, julgo que a dançar alegremente, quando passei por ti. Eras branca, julgo que de seda – não pude tocar-te, eras graciosa, eras esplêndida e parecias-me extremamente feliz. Foi essa a sensação que me deixaste.Mas deixaste-me mais qualquer coisa... sabias? Deixaste-me a pensar. Na tua vida frágil mas ao mesmo tempo tão bela. Deixaste-me a pensar nos velhos tempos quando eu ia mais o meu irmão tentar caçar-vos com o camaroeiro do meu avô. Deixaste-me mergulhado nessas memórias feitas de dias enormes, cheios de tempo para ser feliz durante todo o tempo. Deixaste-me encantado com a tua dança. Deixaste-me feliz por te teres conseguido desviar do meu carro.
As borboletas são emissárias de beleza. Julgo que nos aparecem pela frente para nos fazer sorrir e é a isso que dedicam a sua vida. São graciosas, finas, elegantes. São a personificação da vida, tão mágica mas tão curta. Daí este texto, para te fazer justiça, agora que por certo já não existes. Mas existes. Vives em mim nesta doce recordação daquele momento em que voaste na minha frente e me deixaste deslumbrado com a tua dança. Obrigado por teres existido!