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Abr07
António, não desista!
Marco
Caro António – permita-me que o trate assim, eu sei que não me conhece de lado nenhum, que nunca ouviu falar de mim, mas deixe-me tratá-lo assim e dizer-lhe umas quantas coisas. Primeiro gostava que soubesse que o leio todas as quintas feiras de quinze em quinze dias e confesso que estranhei a sua ausência na semana passada. Depois esqueci. Julguei-o todo atarefado em compromissos e por isso nada de crónica. Não me chateei consigo mas as suas palavras fizeram-me falta, confesso-lhe!Depois, gostava que soubesse que já li os seus três livros de crónicas e que os adorei. Sim, eu sei que não gosta muito deste género de escrita, já o ouvi dizer isso numa entrevista de rádio, mas a verdade é que eu adoro lê-las e transpô-las para a minha própria vida, como se as suas palavras legitimassem as coisas que me acontecem. Como se o António tivesse ido na frente, para ver primeiro como são as coisas. Como se viver de facto fosse aquilo que acontece nos seus textos. Entende? Depois, é só uma questão de nos adaptarmos.
Caro António, hoje voltei a lê-lo e pela primeira vez não gostei nada. Aliás, ainda estou meio sem acreditar. Você? Não pode ser verdade! E depois a sua capacidade de transformar um momento terrivelmente difícil numa crónica maravilhosa... Você hoje trocou-me as voltas, eu a achar que vinha aí mais um episódio do quotidiano, eu a pensar como me encaixaria no seu texto e você resolve dar-me uma lição de vida. Leu bem, de vida. Tem toda a razão em agradecer ao Senhor por haver futuro para alguém. Começando por si. Não desista! Peço-lhe!