26
Fev07
Depois de regressar.
Marco
O mundo cabe todo naquelas ruas. Pessoas de todas as raças e credos, apressadas, lutando pela oportunidade da sua vida. Passam por mim sem me conhecerem. Admiro-as e logo as perco de vista, substituindo-as por outras e outras e outras. Gostava de as fotografar a todas e imaginar-lhes a sua história feita de muita força de vontade e convicção. Para me servirem de exemplo nos momentos em que o corpo me pesa e em que nada me serve de consolo.Há uma magia muito particular que me encanta em Londres. Julgo que nem eu a conheço em pormenor, mas a verdade é que me sinto envolvido por ela sempre que lá vou. Talvez seja o extravasar de uns horizontes sempre tão encolhidos pela rendição à rotina. A capacidade de ir mais alem, de fazer bem feito. Existe tanto para lá do que vemos todos os dias, nos mesmo sítios, às mesmas horas. A prová-lo, todas as pessoas que quis fotografar e não consegui.
Pessoas que podem até não conseguir. Que provavelmente chegam de noite a casa, cansadas, e choram cada gota de suor na maior das solidões. Que muitas vezes se olham ao espelho e perguntam a si mesmo se valerá a pena tamanho esforço. Mas pessoas que tentam, que dão o melhor de si numa terra que também dá o melhor de si a todos os que lá estão. Que se entrega às pessoas em vez de as repelir. E as pessoas acabam por gostar disso. Eu, pelo menos, gosto.