26
Jan07
Quando a certeza encontrou a dúvida.
Marco
A certeza andava pela rua cheia de sim mesma, de certeza. A sua cabeça bem erguida, o seu olhar confiante, repleto de convicção. As ideias que defendia eram firmes, as opiniões acertadas, sendo o caminho percorrido por si, um exemplo que muitos gostavam de seguir. As suas palavras soavam a uma lei universal, impossível de contrariar. A certeza nascera para vencer, para se impor aos demais e a sua vida estava destinada ao sucesso. Com certeza!A dúvida não sabia bem se devia sair à rua, ou ficar em casa. A sua cabeça era um mar de si mesma, de dúvidas. Muitas vezes preferia não aparecer para não se lançar sobre os outros visto que as suas ideias eram uma névoa densa, cerrada. Outras vezes saía, mas nunca sabia que caminho seguir, passando horas dentro de si mesma. As suas palavras eram ditas a custo, sem convicção. A dúvida nascera simplesmente para existir e a sua vida era uma incógnita. Uma dúvida.
Certo dia, de sol radioso e um imenso céu azul, a dúvida teve a leve certeza de querer sair. Chegada ao passeio, perguntou-se esquerda ou direita, esquerda ou direita, lá se respondeu direita e arrancou, sempre devagar para não tocar nas pessoas que consigo se cruzavam. Foi então que, num momento em que olhava para trás hesitante, esbarrou violentamente com uma certeza apressada. O choque foi tão violento que se fundiram uma na outra para nunca mais se separarem. Até hoje.