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Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

25
Jan07

Foi tarde demais.

Marco
O António era um romântico à antiga. Cabelo penteado tanto na primeira hora da manhã como na última da tarde. Sempre impecável naquele seu jeito meio sonhador, parecendo sempre flutuar entre a realidade palpável e o seu mundo feito de cenários perfeitos. O tamanho do seu sorriso não lhe cabia na cara e a razão que o justificava chamava-se Lara, estudante de medicina, já no quarto ano de curso. Uma futura médica, mais perto de acabar a sua graduação do que se imaginar a mulher mais amada de Lisboa.

Para o António não existiam meias medidas, muito menos hipóteses de enganos nestas coisas do coração. O seu batimento apressado, quase compulsivo só podia ser sinal de um grande amor que apesar de tudo, naquele momento, não mais era do que platónico. Todos os finais de tarde era vê-lo junto à porta de saída da universidade de medicina em busca de um olhar, apenas um olhar que se cruzasse com o seu. Os olhos de Lara já não tinham qualquer segredo para ele. Conhecia-os tão bem como a sua própria imagem reflectida no espelho.

Foi então que tudo aconteceu. Num dia como os outros o amor de António transbordou. Encheu-se de coragem, vestiu a sua melhor roupa, penteou-se com todo o pormenor, olhou-se no espelho e disse a si mesmo de hoje não passa, vou declarar o meu amor. Saiu de casa, dirigiu-se para a o local do costume e lá aguardou impaciente. Os minutos, todos eles, parados. O tempo, nessa tarde, não passou. Assim como a Lara. Nem nessa tarde, nem em nenhuma outra, para tristeza do António e do seu coração que nunca mais bateu da mesma forma.

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