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Dez06
Recebi um sorriso.
Marco
Papel. Papel colorido, com este e aquele desenho. Papel esticado, dobrado nas suas pontas e preso nas suas juntas por pequenos pedaços de fita cola. Papel com a missão de encobrir para permitir descobrir o que nele se esconde. Papel rasgado, amachucado. Esquecido. Papel morto, inútil, amontoado a um canto. Escondido. Abandonado. Para sempre. Papel feito lixo, feito nada. Prendas. Prendas de todo o género e feitio. Prendas compradas para agradar, para colmatar, ou simplesmente não falhar. Prendas que se transformaram no epicentro deste terramoto chamado Natal e cujas ondas de choque se propagam por todo o lado. Prendas hoje, muitas vezes esquecidas amanhã. Mas prendas hoje e por isso Natal e assim sorrisos e mais sorrisos e ainda bem que assim é.
Sorriso. Um sorriso. Um sorriso que não vinha embrulhado em nenhum papel colorido. Um sorriso aberto, vivo, capaz de atravessar a distância do mundo, capaz de furar betão, capaz de inundar todos os oceanos. O tal sorriso das covinhas. Um simples sorriso que se tornou na mais bela de todas as prendas. Valeu a pena esperar por ele. Valeu a pena furar a noite e ir ao seu encontro. Ainda agora o recordo. Parece que o estou a ver. Como era belo.