22
Nov06
Sai daí!
Marco
Imagino-o escuro. Sobretudo escuro. Negro de um negro tão negro que nenhum vislumbre. Talvez apenas aquelas estrelinhas que os nossos olhos parecem fabricar sempre que nada mais para ver. Mas apenas isso, de resto, a absoluta falta de existência, de pulsar nesse buraco fundo, infinito, escavado bem dentro de ti e onde ninguém consegue chegar. Imagino-o frio. Também frio. Escuro, muito escuro e frio, muito frio. Gelado. Acredito até nesse misterioso formar de fumo vindo de cada respirar, ofegante, sôfrego, aflito. Um respirar perdido nas profundezas desse mar de escuridão, banhado a estrelinhas que só existem porque nada mais para ver ou reparar. Um respirar, apenas um respirar, um respirar, apenas um respirar…
Um buraco movediço, traiçoeiro, solitário, invisível a todos e gigante aos teus olhos que nada vêm porque escuro, muito escuro. No máximo estrelinhas que nem o são apesar de o parecerem. Um buraco que te afunda mas que não te derrota. Um buraco pronto a ficar vazio de ti mesma visto que cá em cima uma mão, firme, decidida forte. Uma mão pronta assim tu a segures. Força!