26
Out06
Hoje é assim...
Marco
Hoje apetecia-me nem sequer escrever. Apetecia-me nem sequer estar aqui. Apetecia-me estar longe. Longe de tudo. Longe de todos. Apetecia-me mesmo. Apetecia-me acordar, olhar o dia e sorrir. Apetecia-me vivê-lo totalmente, sem me sentir assim como me sinto hoje. Apetecia-me tudo isto e no entanto nada disto é possível. Nada parece ser possível.Assim, aqui estou. Não por sacrifício, não por obrigação. Mas estou apenas. Nada mais. Limito-me a estar. Apenas eu. O eu visível, aparente. O eu de quem esperam o que sempre esperam e que hoje, nada tem para dar. Nada. Nada porque hoje, nada. O meu eu invisível, aquele que faz de mim o que sou, foi-se. Não sei para onde nem por quanto tempo. Mas foi-se.
Está longe. Muito longe. Está a pensar, a pensar. Está a pensar-se. A rever-se. A analisar-se. A decidir-se. Julgo que na verdade, está à procura da melhor forma de regressar. De regressar a si próprio. Para ser de novo um eu total. Um eu cheio de si mesmo. Não apenas um eu aparente mas no entanto vazio. Julgo que é isso. E por isso, hoje apetecia-me nem sequer escrever.