17
Out06
Todas as palavras são poucas.
Marco
Faltam-me as palavras. Nenhum texto deveria começar assim, mas sou honesto, faltam-me as palavras. Eu sei o que quero escrever, até tinha uma ideia de como fazê-lo, mas de repente, nada. Irónico. Tenho um milhão de coisas para dizer, julgo até que poderia escrever um livro, ou vários, podia escrever tudo o que pode ser escrito e descrito, podia tudo e no entanto, não posso nada. Faltam-me as palavras.Injusto. Provavelmente sim, estarei a ser injusto para com as palavras propriamente ditas ou neste caso escritas. Mas a verdade é que hoje, neste momento, olho-as, penso-as, lembro-as e todas elas me parecem escassas, insuficientes, vazias. Dizem apenas o que têm a dizer e eu tenho tanto mais para transmitir. Precisava de mais. Estou encurralado nesta jaula que sou eu próprio.
Hoje, depois de mais hoje que ainda por cima foi depois de ontem e que por sua vez foi depois de antes de ontem, estou sem palavras. Queria conseguir dizer, ou melhor dizer-te tudo o que me vai na alma, mas as palavras não chegam. São pequenas, são poucas, são só palavras e só isso não chega. Resta-me o consolo de saber que fazes uma ideia de tudo o que te queria dizer, e que hoje, depois de mais hoje, manifestamente não consigo. Faltam-me as palavras.