13
Out06
Espero que sim.
Marco
Nem todas as ausências são iguais. Podem até ter o mesmo nome de baptismo – ausência, mas na realidade, esse é apenas o único ponto que têm em comum. Depois, cada uma actua à sua maneira, fazendo-se sentir mais ou menos consoante o seu peso, a sua dimensão. Se é verdade que em teoria significam apenas um espaço tornado vazio, na prática podem ser muito mais do que isso. Uma ausência pode encher um quarto, uma sala, uma casa. Pode encher uma rua, uma cidade, um país. Pode encher um mundo inteiro. Como se nada mais existisse. Tudo é ausência. As paisagens, os objectos, as pessoas. As outras pessoas que, estando presentes, são parte da ausência. Tudo é ausência. O respirar. O andar. O ser. O fazer. O acontecer. Tudo é ausência.
O que será então a ausência? Será apenas a não presença e ponto final? Não. Não pode ser apenas isso. É-o com certeza. Mas é mais. É sobretudo o desejo de presença. Só por essa razão a ausência pesa tanto. Talvez a ausência seja irmã siamesa da saudade. Talvez andem sempre juntas, inseparáveis. Talvez seja isso que eu sinto neste momento. E talvez seja por isso que o escrevo. Mas talvez eu te veja e talvez tudo isto passe à história. Espero. Espero. Espero. Espero que sim.