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Out06
O lugar do vazio.
Marco
... e a história termina. Termina onde começa ou onde deveria ter começado. Não sei se seria um conto, uma novela, um drama ou uma trama. Não sei que personagens, que destino, que aventuras ou desventuras. Não sei nada. Não sei o enredo, não sei o guião, não sei se realidade ou ficção. Tudo é vago, tudo é incerto, tudo é escuro. Talvez este seja aquele momento que acontece antes de tudo começar ou logo depois de tudo acabar. Tudo é nada.... e a história termina. Com ela vão-se os cenários perfeitos, as cenas impossíveis, os finais tornados felizes. Vai-se a emoção, vai-se a inquietação, vai-se a rendição. Aqui, reina o final antes de qualquer começo. É o espaço vazio em vez de qualquer existência. É o suspenso. É tudo aquilo que não é. Ou porque não chegou a ser. Ou porque deixou de ser depois de ter sido. É o que não é e não sendo, não existe, não foi, não será. Tudo é nada.
... e a história termina. Ficam as dúvidas, as questões, as suposições e as aspirações. Sonham-se as visões, as ilusões, as sensações. Cai o pano sobre o mundo, acendem-se as luzes da realidade, recomeça a vida de todos os dias atrás de todos os dias. E adeus nada. E adeus tudo. E adeus para sempre. E adeus até já. E é mesmo assim. E não há nada a fazer. E a história termina. E outra história começa. E tudo é nada. E nada é tudo.