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Out06
Uma dor impossível.
Marco
A dor insuportável. A dor sem tamanho, sem explicação, sem piedade. A dor toda ela, repleta de dor, doendo, doendo, doendo. A dor à minha frente, a dor dentro de mim, a dor em cada gesto, a dor absoluta. O doer de uma vida, o doer para toda a vida. A dor da saudade, a dor da revolta, a dor do porquê, a dor do sofrimento. Um doer em estado puro, doendo, doendo, doendo. Um doer de alma, que dói mais fundo, que dói mais. Mais do que tudo.Como dói ver-te assim. Aí, onde as forças te faltam, onde o mundo se apaga com o passar dos minutos. Como dói poder apenas assistir a aceitar. Como dói toda esta impotência que me acorrenta e atormenta. Como dói esta verdade carregada de mentira. Tu não és esse. Nunca foste. Nunca serás. Esse não és tu. Esse é só um pesadelo de uma noite que teima em não acabar. Como dói esta noite que não acaba! Como dói. Mais do que tudo!
Como dói cada olhar que me diriges. Como dói aquele piscar de olho malandro. Como dói cada ó meus ricos netos! Como dói saber que me vês, que me amas, mesmo sem força para o dizeres. Como dói imaginar-te sozinho nessa noite escura e solitária. Como dói esta incerteza. Como dói essa rendição tão impossível de vencer. Como dói esta dor. Dói demais. Corta a respiração. Como dói Tóino. Ai como dói, dói, dói. E dói! O campeão de todos nós. Certo?