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Out06
Frases à solta.
Marco
Saído da escuridão, mais brilhante do que mil sóis. Esta frase, assim, de repente a encher estas quatro paredes que me rodeiam. Mais do que isso, a encher-me de pensamentos. Primeiro, o negro. A escuridão que tantas vezes nos esmaga, tornando-nos perdidos de nós próprios. Sem rumo. Sem destino. Apenas caminhantes de coisa nenhuma. Peregrinos do nada. Devotos da conformação. Andando. Andando pelos corredores da suposta inevitabilidade. De repente, a luz. Vinda de todo lado ou de parte nenhuma. A luz reluzindo-se a si própria. Tão luminosa como inesperada. O despertar. Acaba o opaco. Acaba tudo para que tudo possa começar. E viver é outra vez. E sonhar é outra vez. E sorrir é outra vez. E tudo é outra vez. E outra vez. O brilho. Não de um, não de cem, não de mil. Mais de mil sóis. Muitos mais. Quanta luz. Tudo é nítido. Tudo faz sentido. Tudo é possível desde que o tornemos possível.
Saído da escuridão, mais brilhante do que mil sóis. Serei eu? Hoje? Ou amanhã? Olho em redor. Vejo. Não vejo. Quero. Não posso. Mas quero. Mas não posso. E vejo. E volto a ver. Tanta luz. Tanto escuro. A luz, ali. O escuro, aqui. A luz, lá à frente. Está ali. Busco-a. Como brilha! Tento. Quero tornar-me possível. Mergulhado em pensamentos decido fechar-me, desligar-me. Por hoje.
Alguém que me salve, alguma coisa que me salve de mim próprio. Esta frase, assim, de repente a encher estas quatro paredes que me rodeiam. Mas sobre esta, prefiro não pensar.