03
Out06
É a vida!
Marco
Era capaz de jurar que te vi. Era capaz de jurar que hoje um sorriso se rasgou e percorreu todo o meu existir. Era capaz de jurar que o nosso olhar se cruzou. Não um simples olhar. O nosso olhar. Aquele olhar que vê para além do visível. Que vê para dentro. Era capaz de jurar que na noite houve luz e que essa luz eras tu, nesse teu jeito único de seres quem és. Era capaz de jurar que estás aqui, mesmo aqui onde me fundo com as palavras. Onde me fundo com o mundo.Era capaz de jurar que é mentira. Tem de ser mentira. Não pode ser verdade que estejas doente. Não, não estou a falar para ti que habitas no primeiro parágrafo e na minha memória. Agora estou a falar para ti, que me viste crescer, que me ajudaste a ser quem sou, que me inspiraste a sorrir sempre para a vida. Era capaz de jurar que nada disto é verdade. Era capaz de jurar que te vi a procurar bolas de ténis enquanto me esperas da natação. Era capaz de jurar que te vi a dormir de tarde para poderes ir trabalhar noite fora.
Era capaz de jurar que tudo isto é viver e que viver é mesmo assim. Era capaz de jurar que me sinto trespassado pela vida na sua plenitude. O óptimo a cruzar-se com o péssimo. A alegria com a tristeza. A esperança com a dor. O sonho com o pesadelo. O tudo com o nada. Talvez na vida não exista mesmo meio termo. Não sei. Mas sou capaz de jurar que viver é muito bom. Sou capaz de jurar que vou em busca de todos os sorrisos, todos os olhares. Sou capaz de tudo isso. Sou capaz de tudo mais.