Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

10
Set09

Música para os ouvidos.

Marco

Existe ao final de cada tarde uma hora misteriosa, secreta, em que o vento decide aparecer para fazer as árvores cantar à desgarrada qual fado vadio
- Rhandy Roads era mesmo um poeta da guitarra
e nesse preciso momento, é sabido que o Zeca estará provavelmente a dormitar o sono que os javalis lhe roubaram à noite e estará provavelmente já com saudades do seu Comandante que nisto das hierarquias os bichos não brincam, contando cada minuto até poder adorá-lo de novo, sempre altivo, distante e próximo, frio e caloroso, o Comandante outrora cruzando oceanos, tratando ventos e marés por tu, chamando os nomes certos a cada peixe que de visita ao passar do navio, atando e desatando nós e nós a vê-lo, a seguir-lhe os passos até ao fim do mundo, lá, onde os Romanos decidiram um dia rasgar caminhos
- Agora estou de Beatles, Let It Be
para que nós, de pedra em pedra a contemplar tamanho silêncio - que bem soa o silêncio, as rãs a medo saltando à deriva, fugindo não percebo porquê, o cheiro a final de tarde, só nós e o fim do mundo
- Curioso o último dos Beatles ser o meu primeiro
só nós e a certeza de que as árvores já cheias de preparos para a Diplomata, sentada sob o telheiro a perceber-lhes a tremideira, longe do tempo, perto das estrelas dançarinas, a Diplomata e a sua serenidade, a sua aceitação, o seu conhecimento, sabendo já de gingeira que àquela hora as ovelhas vão percorrer o carreiro rumo à sombra fresca dos sobreiros para mais uma noite de lua acesa, a noite a chegar, é tempo de seguir o Comandante estrada acima, ele a explicar-me os segredos da terra e eu outra vez puto charila, por minha vontade voltava já amanhã, ia direito ao rio para lhe mandar pedras achatadas na esperança de as fazer saltitar mais do que três vezes - desculpa avô Tóino essa nunca consegui aprender, e depois quando o sol se pusesse, pediria desculpa às pessoas já sentadas e passaria em dificuldades até ao meu lugar bem no centro da plateia, mesmo a tempo de ouvir a vento mandar as árvores cantar.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2009
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2008
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2007
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2006
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D