Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

03
Jan07

Será?

Marco
Será que a repetição da palavra amor o desgasta assim como faz o mar nas rochas onde se esmaga diariamente? Será que a repetição da palavra amor lhe retira o colorido assim como faz o sol com os vermelhos que torna mais pálidos? Será que a repetição da palavra amor lhe arranca o significado assim como faz um ladrão que leva sempre aquilo que não lhe pertence? Será o amor tanto mais amor quanto menos demonstrado?

Tenho muitas dificuldades em aceitar esta teoria. Não consigo imaginar outro amor que não o da entrega total. Aquele amor que ama totalmente. Ama a virtude. Ama o defeito. Ama o sorriso. Ama a lágrima. Ama a presença. Ama a ausência. Ama o grande e o pequeno gesto. Ama hoje, amanhã, sempre. Ama para além para palavra amar. Ama e diz que ama. Ama e mostra que ama. Ama e orgulha-se em amar. Ama e preocupa-se em demonstrar que ama.

Acredito sinceramente que o grande propósito que nos faz vir a este mundo é amar. É sentir o peito prestes a rebentar. É sentir o estômago às voltas e às voltas. É esquecer o tempo, porque o tempo não existe quando se ama. É ver esse amor a manifestar-se em todos os pedaços de vida. É tudo isto e é muito mais, porque todas as palavras não chegam para descrever o que é o amor. O tal que não se desgasta, não perde a cor, não fica sem significado. Por mais repetido que seja.
02
Jan07

Os dias do costume.

Marco
Sair de casa. É de manhã. Está fresco. Há azul no céu e ao longe ouve-se o som do mar revolto, irritado, grande. Corre uma brisa. Há nitidez. O tempo avança. Nasceu um ano novo. Vou ao encontro dos dias do costume. Dentro de mim nasce uma vontade de mudança. Não vejo ninguém. As pessoas regressaram aos dias do costume. Iguais aos do ano passado. Tudo voltou a ser igual. O mar chama-me. Eu respondo-lhe. Vou ao seu encontro.

Outro caminho. Outra estrada. Uma curva, outra e ainda outra. O seu som cada vez mais perto. Continuo. Por fim, a sua imensidão azul. Infinito. Perto da praia, cortado por fatias brancas a que chamam de ondas. O vento empurra salpicos de água para as costas das ondas. Ondas que chegam sempre à hora marcada, todos os dias, todas as horas. Como um mecanismo de vida que jamais poderá ser interrompido. O azul. Profundo. Fascinante. Total. Tenho de ir.

Tenho de ir. Não posso ficar. Não posso ficar. Tenho de ir. Não quero, mas tenho de ir. Chama-me um dia do costume. Dentro de mim pesa-me o peito. Grita-me a derrota. Grita e grita. Sufoca-me. Arranco e tento fugir-lhe. Como se a conseguisse deixar para trás. Tento ganhar-lhe em velocidade. Mesmo num dia do costume. Chego. Já não ouço o mar, apenas o imagino. Sento-me no lugar do costume. Há uma saudade que me atravessa. Estou preso. Nada mais posso fazer. Decido escrever. Começo a escrever. Sair de casa...

Pág. 3/3

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2009
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2008
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2007
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2006
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D