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Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

17
Ago06

A chuva da vida.

Marco
Cai forte, cheia de raiva, a chuva nestes dias de suposto sol. Como que gritando por atenção, como que triste, chorando e soluçando sem parar. Porque será que choram os dias e as noites? Será que de tristeza por não se sentirem suficientemente vividos? Esquecidos nas rotinas de todos nós, apenas figurantes ou apenas cenários de vidas feitas só com personagens.

Porque será que choram os dias e as noites? Porque será que se esconde o sorriso radioso do sol, coberto por lágrimas universais, que nos molham, molham, molham. Lágrimas que também choramos, que também sentimos. Lágrimas de vidas repetidas todos os dias, sem brisas, sem paisagens, sem cores. Vidas obrigadas, vidas vergadas, vidas de um imenso cinzento.

Há que chover tudo das nossas vidas. Chover, chover, chover. Depois, olhar o céu e nele descobrir o ponto de azul que se abre. Primeiro minúsculo, depois maior, maior até que esmagador. Há que correr em busca das outras cores. Descobrir onde se escondem e respirá-las. Amá-las. Vivê-las. Procurar a plenitude em cada esquina de um mundo que a toda a hora nos estende um brinde à vida. À nossa!
16
Ago06

Tudo demasiado tudo.

Marco
Eu construí uma casa numa árvore. Era uma árvore bonita, firmemente cravada numa terra que é a minha e simultaneamente de todos. É a terra do mundo, pelo menos do meu mundo, do meu universo. E a árvore, uma árvore demasiado só para estar só. Uma árvore demasiado árvore para ser só árvore. E eu, demasiado eu para ser só eu.

Lá em cima, tudo é tão tão que nem sequer ses ou mas. Lá em cima tudo é verdadeiramente tudo. Vive-se em suspenso, sem o ruído do mundo mas com todo o meu mundo. É o lugar onde eu sou eterno. Onde nós seriamos eternos. Flutuando ao som dos ramos que nos assobiariam as mais belas melodias. Lá em baixo o nada demasiado nada.

Cá em cima o tudo demasiado tudo. E novamente os ramos. O suspenso. Flutuando. Era uma árvore bonita. Era se calhar, um sonho bonito. Um sonho que sonhei. Um sonho de criança. Um sonho que acordei. Um sonho que despertei. Talvez fosse uma árvore demasiado alta. Talvez eu fosse demasiado criança para subir tanto. Tão alto. Talvez seja melhor descer. Cá em baixo, o nada demasiado nada.
14
Ago06

A luz da escuridão.

Marco
As minhas palavras, todas elas, nas palavras de um livro, todo ele. Não só as palavras, mas o seu sentido, o seu peso, até a sua intenção. Numa interpretação incrivelmente perfeita. Inédita. A cada página, um paralelo, um é isto mesmo, um exactamente, um eu não diria melhor. Como se o autor me conhecesse. Como se soubesse. Com  a particularidade que nem me conhece. Nem sabe. Tendo escrito este livro há já quatro anos.

O autor chama-se José Luís Peixoto. Um poço de talento, magistral na escolha das palavras, perfeito no seu encadeamento. Imprimindo uma profundidade às suas ideias que chega a arrepiar. Uma leitura que, por coincidência, se está a tornar na leitura de mim mesmo, hoje, agora. Uma leitura que ao mesmo tempo é uma lição e uma inspiração. Fica a apetecer escrever, escrever, escrever. Aqui, ou nas páginas brancas a que se refere na história.

Uma Casa na Escuridão. Uma luz que se acende a cada página de descoberta. Sim, é essa a palavra mais apropriada. Descoberta. A maravilha de aprender com quem está tão lá mais à frente. Por isso, vou terminar por aqui este desabafo, porque me apetece ir mergulhar mais um pouco e perder-me naquele mar de genialidade. Nadar, deslizar por entre os paralelos das palavras já escritas e as que se escrevem a cada dia da minha vida.
11
Ago06

Às minhas riquezas.

Marco
Curiosa esta mania de desafiar a escrita no fim de cada dia. Aliás, no raiar do hoje mesmo, para ser mais preciso. Mas pronto, ontem, tudo bem. Tantas experiências, tantas histórias, tantas partilhas, tantas aventuras. Lugares, pessoas, viagens, sensações, emoções. Tudo. Tanto em escassas horas que mais parecem minutos apressados.

Curiosa esta mania porque na hora de teclar, sim sobra sempre uma hora para teclar nem que de sono, todas as histórias me assaltam numa luta tremenda para se eternizaram, mesmo que virtualmente. Mas hoje, apetece-me render uma homenagem às minhas (cada vez mais) cúmplices de todos os dias. Como é bom trabalhar assim, pertinho de vocês! A aguinha. A minha velha. A riqueza. O… eu não gosto nada disto!

Aparentes faltas de nexo tão lógicas entre nós. Rituais que nos unem cada vez mais, numa espécie de núcleo que vai ganhando corpo a cada dia que passa. Apetecia-me sair daqui, abrir a janela e ver-vos, uma a uma, Gostava só de vos piscar o olho, de vos sorrir, de vos agradecer. De vos dizer durmam bem. Durmam tranquilas. Sonhem muito. Tanto como eu, que um dia sonhei encontrar pessoas tão especiais como vocês. O meu, tornou-se realidade.
10
Ago06

Palavras ao vento.

Marco
Uma e onze da manhã. Acabo de chegar. Será que já venho tarde? Será que já é tarde? Demais? Lá longe havia calor. E luzes. Sim, havia muitas luzes no meio de uma noite cheia de lua. Será que alguém reparou como brilhava lá em cima onde as estrelas se multiplicam no infinito de uma grandeza tão superior. Tão densa. Lá em cima onde o mundo é pequenino e nós, minúsculos. Será que as estrelas nos olham como as estrelas da Terra? Também brilhantes, também misteriosos, também belos...

Uma de dezoito da manhã. Olho em redor. Vejo que não te vejo. Vejo que já não te vejo. Vão-se as cores, diluindo-se ao longe, a cada quilómetro de distância, de saudade, de recordação. Imagens. Tão nítidas com se agora, já. Mas não. Apenas imagens. Tão belas que nenhuma câmara, nenhuma objectiva, nenhum olhar. O olhar. Esse que se perpetua numa bela canção que assim diz – sometimes, when I look deep in your eyes, I swear I can see your soul. Vão-se as canções, vão-se os versos, vão-se as letras. Como estas, que escrevo, que me fervilham querendo invadir por completo este texto que te dedico. Mais um texto que te dedico.

Uma e vinte e oito da manhã. Preparo-me para partir. Rumo a um amanhã chamado incerto. Um amanhã feito hoje, agora, já, a cada palavra acabada de ler. Tanto ontem que afinal, agora. Sempre agora. Um tempo que pula ao sabor de cada instante. Um tempo que não controlo, que me devassa como o vento forte que nos bate na cara. Sabe bem esse vento. Parece tornar a vida mais vida ainda. Comparo-te a essa brisa, sabes? Sim é verdade. E assim, quando sopras, fica mais divertido existir.  
09
Ago06

Se calhar, ainda bem.

Marco
Seguramente que não é tarefa fácil. Eu sei que não é e por isso, a minha luta diária contra elas, para que não me iludam, nessa espécie de bebedeira que não passa nunca. As expectativas são mesmo assim, como uma droga que nos levita pelo mundo do perfeito para depois nos deixar cair numa ressaca difícil, muito difícil de curar.

A desilusão. Essa mesma. Esse fardo que pesa nos ombros, puxando e puxando para baixo. Vergando. Esse emaranhado de sonhos desfeitos, de cenários destruídos. O acordar para o pesadelo do sim que afinal é não. Um sim alimentado de talvez em talvez. Um não carregado de nunca. Como um soco que dói no estômago. E de que maneira.

Seguramente que não é tarefa fácil. Viver apenas do real. Do terrivelmente palpável. Como um exercício de racionalidade. Essa chuva sobre o fogo do desejo. Viver sem esperar que o impossível se realize num passo de mágica. Para mim, é quase impossível, admito. Recuso-me a não sonhar. Recuso-me a acreditar que é só assim e mais nada. Por mais que lute contra as expectativas, elas acabam sempre por prevalecer. Se calhar, ainda bem. 
08
Ago06

Num mar de pensamentos.

Marco
Eu confesso sem qualquer problema, adoro perder-me em pensamentos. Mergulhar bem fundo, vasculhar todos os recantos do meu cérebro. Imaginar. Será que sou um idealista? Talvez. A verdade é que ultimamente, tenho-me debruçado e de que maneira na questão de felicidade associada à presença de outra pessoa na nossa vida. Será mesmo necessária essa presença. Será possível ser-se feliz estando só?

As respostas chegam-me difusas. Quanto mais olho em redor, quanto mais busco, menos encontro. Contradições e mais contradições. Tanto nevoeiro de alma. Certos dias sim, com toda a certeza. Só assim se explicam tamanhos vazios. Outros dias não! Não mesmo! Quero estar só. Suplico por esse momento como solução única para o cerco que me aperta e aperta.

Depois, a pessoa em si. Que tipo de pessoa? Quantas miragens de perfeição a deambular mesmo à nossa frente. Hoje soluções eternas, amanhã fontes de problemas. E logo novas miragens. Um ciclo que teima em repetir-se, como se o ideal estivesse destinado sempre para os outros. Só para os outros. Ou será que esse ideal somos nós próprios? Lá está. A tal felicidade independente. Que não precisa de mais ninguém. É a velha questão. E a resposta? Para já, ainda não a encontrei.
07
Ago06

Time has told me...

Marco
Estávamos no ano de 1970. Quer dizer, eu ainda não estava. Mas foi nesse ano que algumas das mais belas melodias que alguma vez ouvi se deram a conhecer pela primeira vez. Suaves. Simples. Despidas de qualquer artificio. Carregadas de génio. Sentidas, muito sentidas por certo. Depois a voz. Tão frágil e insegura. Tão bela.

Estávamos no ano 1970 e o mundo com certeza surdo. Nada. Um imenso silêncio. Ou então um barulho de tal maneira ensurdecedor que ninguém sequer reparou. Ninguém ouviu esta verdadeira maravilha. Este embalo mágico, ora de amores, ora de tristezas. Mais tristezas. Um desencanto encantador. Sussurrado aos nossos ouvidos, só mesmo para nós. E ninguém ouviu…

Também quase ninguém reparou quando esta voz se calou. Para sempre. Tão cedo. Tão prematuramente. Adeus delicadeza. Adeus melodias. Ironicamente, olá eternidade. Hoje, Nick Drake é grande. É enorme. Trinta e seis anos depois, a sua musica venceu, resistindo no tempo, alheia a modas ou tendências. É ouvida e reconhecida em todo o mundo. Os seus três álbuns, objectos de culto. Demorou, mas o génio acabou por vencer. 
04
Ago06

Nada fácil.

Marco
Se te disser que és mesmo especial, será que acreditas?
Não. Claro que não acredito.
Mas porquê?
Porque nunca ninguém me disse.
Nunca?
Nunca. Pelo menos dessa maneira…
E por isso, assumes que não és nada de especial…
E não sou…
Eu acho que és!
Isso és tu mais as tuas palavras bonitas…
Não é verdade. É o que sinto!
Estás doido. Tenho montes de defeitos…montes de caprichos…sou…
…és especial, com os teus defeitos. Não existem pessoas perfeitas…
Sim, isso é tudo muito bonito de dizer…mas e depois com o passar do tempo ias-te fartar…
…como é que podes afirmar isso com tanta certeza?…
Tenho a certeza…
Não tenhas…para mim, o segredo do verdadeiro gostar é amar os defeitos…
Isso também  é bonito de dizer…
…mas é a verdade. É fácil demais amar as virtudes…e vendo bem…são esses “defeitos” como lhes chamas que te tornam tão especial… eu acho…nem te imagino sem eles…
Ai…isto não é fácil…
Pois não, nada fácil…nada fácil mesmo.
03
Ago06

The Dirt - Confessions of the World's Most Notorious Rock Band.

Marco
No ultimo mês tenho-me dedicado à leitura da autobiografia daquela que é por muitos considerada a mais infame, polémica e boémia de todas as bandas. Refiro-me aos Motley Crue, que traduzindo poderia muito bem significar, puro rock n roll, com muito Jack Daniel’s, muita droga e claro muitas, mas muitas mulheres.

Comum a todos os membros da banda e talvez a génese explicativa deste comportamento estão infâncias atribuladas, carregadas de traumas que mais tarde são resolvidos pela via a afirmação excessiva, para lá te todos os limites do humanamente possível. Mas há muito mais nos Moltey Crue. Há álbuns fabulosos, canções eternas tornadas verdadeiros clássicos, prestações ao vivo do outro mundo.

Gostar desta banda significa amar toda uma cultura de pure rock n roll, sem moralismos ou mensagens profundas, capazes de abalar consciências. Não, os Motley Crue não vão mudar o mundo. Mas em mim mudaram a maneira de perceber todo o fenómeno que rodeia uma banda, o preço da fama, a adição sem limites, as amizades traídas, os conflitos, os interesses. E a música, que resiste, intemporal, a todas as modas. Porque afinal clássicos são sempre clássicos.

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