03
Jul06
Sempre domingo.
Marco
Há qualquer coisa de nostálgico nas tardes de domingo. Há um encanto desencantado, uma carga melancólica de algo que se prepara para deixar de existir. É um amanhã vivido em antecipação. É segunda-feira antes de o ser. É o pano que cai sobre o palco da vida, desta encenação que todos levamos a cena. Como um sol que se põe, lá no fundo onde o mar nunca acaba. Que bom quando as regras se alteram. Mesmo que o sol se ponha. Que se ponha! Fintar a melancolia sentado na praia, contando ondas, sorrindo entre amigos. Não, ainda não chega. Ainda há a esplanada. O refresco. E mais conversa, mais sorrisos. A segunda-feira ainda está longe. Ainda não chega. Sim, eu sei que já é noite. Mas, e que tal um petisco? Ou dois. Três. Quatro. E mais conversa, mais sorrisos.
Agora sim, é segunda-feira. De seu pleno direito. Vamos a ela. Mas antes, e para acabar, as estrelas. Que bom que foi sair da praia, olhar o céu e vê-las a brilhar, lá em cima onde ninguém as toca. Mágicas. Divinas. Um dos meus espectáculos preferidos. Nunca igual. Sempre misterioso. Uma luz. Milhões de luzes. De histórias. Como aquelas que contaram ao som das ondas. Num domingo que foi sempre domingo. Até ao fim. Até hoje.