29
Ago06
Para si, Vizinho.
Marco
O vizinho. Era assim que eu o conhecia. Não sei se alguma vez lhe cheguei a saber o verdadeiro nome. Ou até cheguei. Claro que cheguei. Mas para mim, era o vizinho. Nem sequer me imagino a chamar-lhe outra coisa. Não faria sentido. Não seria ele. Nem seria eu. Nem seriamos nós e por isso o vizinho, sempre o vizinho, para sempre o vizinho.Lembro-me do vizinho desde sempre e sempre o mesmo sorriso, sempre o mesmo abraço, sempre o mesmo meu malandro!!, sempre o mesmo então hoje ganhamos ou não?! sempre o mesmo olho azul profundo qual oceano de bondade. Sempre como se fosse a primeira vez que me visse numa alegria sincera, pura, genuína e bela.
A partir de hoje, vou estranhar chegar e já não haver sorriso, nem abraço, nem meu malandro!! O olho azul profundo agora é de um céu limpo, intenso, majestoso. De um céu que ficou mais bonito. Bem mais bonito. Por isso, amanhã, que é já hoje, quando sair à rua vou olhar para cima, vou sorrir e vou responder, claro que vamos ganhar. Para dedicar a si, vizinho.
Até um dia. Até sempre.