22
Ago06
E hoje, será que sim?
Marco
A verdade é que não te encontrei. Não sei se te escondeste, se decidiste fugir, se brincas apenas. Não sei se sou eu que sou distraído, sempre na lua, conversando com os meus botões. Não, eu não estava distraído. Quantas vezes olhei, voltei a olhar e sempre um tremendo nada. Opaco. Vazio. Um nada profundamente transparente. Bastava olhar para tudo ver. Tudo tudo, menos o tudo. O verdadeiro tudo não o consegui ver. E caramba se me esforcei. Nada. Por isso te digo que a verdade é que não te encontrei. Por hoje, apenas distancia, apenas quilómetros, apenas uma cadeira, apenas uma secretária, apenas um monte de teclas, apenas memórias, apenas eu, apenas um enorme vazio capaz de encher todo o mundo de rigorosamente nada. Hoje teve menos cor, menos luz, menos alegria.
Hoje teve menos de tudo, é certo. Mas hoje está mesmo no fim, Já cheira a amanhã. Cheira a novo dia. Cheira a sol fresquinho. Cheira a incerteza. Cheira à rotina de sempre e que bem que cheira. Resta ver se te voltas a esconder, se voltas a fugir, se voltas a brincar. Será que amanhã também distancia, quilómetros, cadeira, secretária, monte de teclas, memórias, eu? Apenas eu. Num enorme vazio? Resta ver. De uma coisa fica sabendo, não, não sou só eu. Estamos todos à tua espera, cheios de saudades. Volta depressa.