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Out07
Almas gémeas.
Marco
Penso e quando penso, sei, não preciso de ver, tão pouco de estar, não, penso apenas e sei, conheço, sinto, dentro de mim, sou até capaz de ver, imaginando, os gestos, as reacções, as sensações, conheço tudo, sou eu ali, parte de mim, um reflexo, uma extensão, num olhar, numa reacção, numa emoção, conheço tudo quando penso e penso muito, não preciso de ver, tão pouco de estar, conheço, sei, imagino e vejo, sei o que agora, sei o que não tarda, sei tudo porque pertenço, sou já uma parte ou mesmo o todo e sei, sei tudo e por isso sei que não me enganei.As almas gémeas nunca morrem. Vagueiam perdidas pelo universo à espera desse momento mágico que pode nunca chegar, o encontro, o enlace, a junção, a fusão, numa só, como as correntes dos rios, unas, deslizando pela vida sem que nunca uma foz, eternas, muito além da finitude da vida, como grandezas impossíveis, brilhantes para sempre, sorrindo-se bem depois dos dias, reflectem-se, sabem-se, conhecem-se, escrevem-se como se escreve cumplicidade, escrevem-se para sempre, por igual, da mesma maneira, porque se sabem, sabem tudo.
Penso e quando penso, sei, não preciso de ver, tão pouco de estar, não, penso apenas e sei, conheço, sinto, dentro de mim, sou até capaz de ver, imaginando, os gestos, as reacções, as sensações, conheço tudo, sou eu ali, parte de mim, um reflexo, uma extensão, num olhar, numa reacção, numa emoção, conheço tudo quando penso e penso muito, não preciso de ver, tão pouco de estar, conheço, sei, imagino e vejo, sei o que agora, sei o que não tarda, sei tudo porque pertenço, sou já uma parte ou mesmo o todo e sei, sei tudo e por isso sei que não me enganei.