Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

Deep Silent Complete

"Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridiculas...e nas palavras mais belas... Transformo-me todo em palavras." - José Luís Peixoto

03
Abr07

As nuvens que dançam.

Marco
Lá em cima, as nuvens parecem dançar criando coreografias belas de tão inesperadas, correm pelo céu se calhar à procura do local para desaparecerem, para deixarem de ser, de existir. Talvez seja um ritual de despedida, um sorriso divino. Talvez. Sei que as olho atentamente, gosto de ver as suas formas e nas suas formas imaginar outra formas. Pergunto-me para onde vão, porque me fogem da vista. Não vão já! Não tenham pressa que pressa tenho eu, o relógio esmaga-me e empurra-me para o sitio do costume, longe de vocês.

Cá em baixo, uma fotografia. Uma singela fotografia. Rostos que nunca vi e que nunca mais vou ver. Pessoas que por algum motivo fugiram para o sítio onde as nuvens por certo se desfazem. À passagem pela rua da funerária desejo sempre que não haja fotografia nenhuma na sua porta. Sorrio quando não há. A morte faz-me uma confusão dos diabos, não a entendo, acho-a se calhar demasiado eterna, demasiado inevitável. Demasiado paciente. Solitária. Escura. Grande demais em comparação com estes pequenos suspiros de vida que todos ocupamos.

Cá em baixo, uma fotografia. Hoje não sorri. Alguém que a esta hora, acredito eu, provavelmente já conhece o segredo das nuvens que dançam lá em cima. Alguém que flutua junto com elas, observando este mundo apressado e esquecido de si mesmo, tão ocupado que nem repara nas suas bonitas coreografias. No sorriso divino. Malvado relógio, logo hoje me havia de empurrar, tão atento que eu estava a vocês. Às vossas formas. Sou capaz de jurar que estava a ver uma cara. Talvez uma fotografia. Talvez. Uma fotografia que espero, amanhã, não encontrar em porta nenhuma.

1 comentário

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2009
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2008
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2007
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2006
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D