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Set06
Um à parte, aqui que ninguém nos ouve.
Marco
É provavelmente uma teoria meio bacoca. Admito que sim. Mas várias vezes dou comigo a pensar que a distancia nos ajuda a ver melhor. Logicamente que não me estou a referir a nenhum teste oftalmológico, onde certamente fica mais difícil ver à medida que nos afastamos da letras que de depois, letrinhas e depois letrinhazinhas até que pontinhos indefinidos e finalmente, nada. O branco. As lentes. Assim está melhor? E assim? Vê melhor?Na verdade, vejo melhor ao longe. Nem preciso de lentes nem de médico nenhum para saber que isto que digo é um facto. Quando muito em cima ou mesmo dentro de uma situação, está-se demasiado perto para ver com lucidez. É impossível já que se é parte da coisa, logo fica impossível observá-la, assimilá-la, contemplá-la. Discerni-la. E assim, toda a visão fica demasiado parcial para poder ser digna do seu próprio nome. Visão.
É aqui que entra a tal teoria bacoca que defendo. Chamo-lhe pomposamente a Teoria da Máquina de Lavar Roupa. Sim a minha profissão é a criatividade mas garanto, não enlouqueci. Passo a explicar. Quando se está dentro dela, da máquina, por mais voltas que se dê, está-se lá dentro e é para isso que vivemos. É tudo o que vemos. Somos parte do problema. Uma vez cá fora, ao longe fica mais fácil observá-la. À distancia, os contornos definem-se. As conclusões chegam. As certezas formam-se. Hoje, ao longe, tenho a certeza disto que digo.